terça-feira, outubro 03, 2006

Arquitectura Sustentável
A sintonia com o ambiente
Por: Márcio Campos

No mundo em que vivemos, de excessos, de consumos exarcebados, em que as palavras – “Gastar”; “Exceder”; “Utilizar” – são tão frequentes nas mentalidades e atitudes das pessoas, a construção de edifícios revela-se a maior indústria responsável pelo esgotamento do planeta e sua contaminação. Perante isto, imediatamente reflectimos, sobre consequências nefastas: produção excessiva de resíduos tóxicos, desgaste de matérias-primas, destruição da biodiversidade, etc. Nos anos 90, estas questões tornaram-se mais eminentes, principalmente devido à ameaça do aquecimento global e ao efeito de estufa. O novo conceito de arquitectura bioclimática e sustentável, passou a envolver temáticas para além do conforto térmico, como por exemplo, conservação de água e impacto ambiental dos materiais de construção.

A construção é uma das causas que provoca um maior impacto ambiental. Segundo as conclusões que resultaram dos estudos efectuados pelo “Worldwatch Institute of Washington”, os edifícios consomem 60 % dos materiais extraídos da terra e, a sua utilização na actividade construtiva, gera metade das emissões de CO2 para a atmosfera. As emissões deste gás, resultantes básicamente da queima de combustiveis fósseis, são uma carga para o ciclo do carbono. Como consequência, o CO2 acumula-se na atmosfera, contribuindo assim, para a retenção da radiação solar na terra e consequentemente para o seu aquecimento global.

Há-que compreender, que o impacto que um edifício poderá ter, a nível ambiental, não depende apenas da sua utilização, mas sim de um “ciclo de vida” – desde a extracção dos materiais até à própria construção.

A arquitectura sustentável, surge-nos como uma alternativa a estes problemas, promovendo intervenções sobre o meio-ambiente, controlando gastos desnecessários e preservando os recursos naturais, aumentando desta forma a relação homem/natureza.

Em 1992, a Conferência das Nações Unidas, sobre Ambiente e desenvolvimento, que teve lugar no Rio de Janeiro, propôs a “Agenda 21” , que constitui um plano global para o desenvolvimento sustentável e um processo para gerir um plano de acção ambiental, o qual deverá ser utilizado pelas autoridades locais (tendo elas um papel determinante, para assegurar o desenvolvimento sustentável). Visto que as pessoas têm que viver de maneira a não exceder a capacidade do mundo natural, este guia, pretende estabelecer uma abordagem sistemática do planeamento.

A sustentabilidade na arquitectura, prende-se sobretudo com questões relacionadas com o uso sustentado dos recursos energéticos e ambientais, permitindo desta forma a redução da utilização dos recursos finitos, a melhoria da qualidade do ar no interior dos edifícios e consequentemente o bem-estar dos seus utilizadores.

A construção bioclimática exige novas formas, novos materiais, novos métodos construtivos. Estas novas preocupações, tornam-se dispositivos orientadores de uma outra civilização, de uma nova maneira de habitar, de um novo bem-estar e concentram em si, o mais profundo sentimento, que é o do respeito pela natureza e por todos nós.