sexta-feira, dezembro 29, 2006

Exposição de Amadeo de Souza Cardoso
Diálogo de vanguardas
Gulbenkian

Brut, 1917

Amadeo de Souza Cardoso, nasceu a 14 de Novembro de 1887 em Manhufe, em Amarante. Estudou Belas-Artes em Lisboa em 1905, tentou formar-se em arquitectura, o que não aconteceu, por seguir o destino que viria relacioná-lo com todo o meio artístico emergente da época em Paris. A cidade escolhida pelos grandes artistas que originaram os grandes movimentos de ruptura. Foi um dos pintores Portugueses marcantes do início do séc. XX, que se relacionou com grandes artistas (em 1911 no salão dos Independentes), entre os quais: Modigliani, Brancusi, Archipenko, Juan Gris, Robert e Sonia Delaunay. Em 1914 volta a Portugal e, durante a 1ª grande guerra, estabelece relação com Almada Negreiros, Santa-Rita, Fernando Pessoa, na procura comum da projecção da revista ORPHEU (a base do manifesto futurista em Portugal, em 1915 com a 1ª edição), que surgiu como reacção às mentalidades da época, rompeu com o tradicionalismo e originou o movimento moderno em Portugal numa causa de ruptura. Em 1918, morre prematuramente.

Apesar desta exposição desenrolar-se sobre a vida e obra deste pintor e sobre a sua relação com outros artistas, pode-se considerar uma mostra colectiva, visto que podemos encontrar obras de outros importantes e distintos autores – esculturas de Constantin Brancusi, pinturas de Sónia Delaunay, Juan Gris e até uma pequena pintura de Picasso (se a exposição for vista com atenção).
Numa busca incessante pela simplificação da forma, na consequência da valorização da linha de contorno numa fase e na prioridade da utilização da mancha de cor na definição dos planos noutra, todo o trabalho se apresenta com uma coerência evolutiva.
Destaco os desenhos datados de 1911, os “XX Dessins”, elaborados a tinta da china. Pequenas relíquias, em que a base do desenho traduz-se esquematicamente em formas estilizadas, que demonstram a imponência e força estilística e gráfica dos gestos. Uma exposição que recomendo vivamente, pela sua importância. 33.500 pessoas já a visitaram


Desde o cubismo até à abstracção, todas as importantes obras de Amadeo, podem ser vistas na galeria de exposições temporárias da Gulbenkian (Piso 0 e Piso -1), até dia 14 de Janeiro de 2007.