domingo, março 25, 2007

O Quadrado Vermelho



Numa incessante busca da perfeição não encontrada, existem regras que nos transportam para um diáfano imaginário, imune de distorções. A procura de um equilíbrio das formas e de um rigor reflectido, aproxima-nos muitas das vezes dessa perfeição não alcançável. O ponto, a linha e o plano, são elementos gráficos, que conjugados, se desmultiplicam numa infinidade de utilizações e representações. Para lá da percepção visual, existe a capacidade emotiva de certos estímulos serem recebidos e interiorizados de maneiras diferentes. A questão basilar da utilização de um elemento gráfico com uma carga emotiva tão forte, prende-se com o facto de se estabelecer um conceito de intervenção, ligado a um entusiasmo e a um estímulo que se pretendem transmitir. O receptor é induzido a ter reflexões imediatas. O quadrado vermelho é a forma e o conceito, que funciona como linha condutora de uma mensagem, de uma história, de um momento.
Vivemos na era da globalização, do excesso, do gastar, do usar.
A velocidade das “coisas”, o bombardeamento constante de informação, de imagens, de produtos, leva-nos a uma alienação do consumo. Será que damos atenção ao essencial? Não.
O quadrado vermelho é esse essencial necessário, porque o “desnecessário” terá que cair em desuso.
Minimal Concept Intervention, não é só um nome. É uma imagem de marca. É um significado, uma música, um objecto arquitectónico, um esquisso, uma pintura, um livro, um texto, ou simplesmente um pensamento. A proximidade do vermelho e a linearidade do quadrado, são motivos, aparentemente redutores e desprovidos de sentido, mas no cerne da sua junção, o equilíbrio é a fonte da razão e a experiência contemplativa, o acto de se racionalizar.
Para lá da forma, está a intenção, que se desmaterializa no conteúdo. Numa ferocidade transmitida subliminarmente, a ideia é o veículo vinculada ao conceito.
Numa constante mutação, a sociedade necessita de impulsos, para sentir alguns processos de transformação, que quase sempre são apreendidos inconscientemente. Estes hiatos de reflexão, certamente que são possíveis caminhos de escolhas e decisões, que contêm em si, todo um poder inerente à subjectividade de cada indivíduo. Muitas vezes racionalizamos de mais, e, outras, de menos. O objectivo é descodificarmos os símbolos e encontrarmos o essencial.
No decorrer da humanidade, a evolução das mentalidades surge na sequência de um processo de aculturação. Cada momento na história tem a sua razão existencial, porque, o que outrora era prioritário, hoje não o é e o que hoje é necessário, amanhã não o será. Deixemo-nos de falsas profecias e erradas casualidades e encaremos o dia-a-dia como o ponto de partida de um caminho a seguir.

Fazer o essencial com o essencial é um chavão que nos importa transmitir. É a “regra de ouro” de cada intervenção e de cada idealização concretizada. Quase como um laboratório de ideias, a força motriz de cada abordagem é a base da solução para cada problema (encaremos o problema como a necessidade).

O carácter, a educação, a cultura, a sensatez, a liberdade, o sonho e a realidade, são o objectivo.

Segundo Casimir Malevitch (1878-1935), a sua pintura suprematista “define-se pela supremacia absoluta da sensibilidade pura”. A preocupação essencial era a relação entre as formas e o espaço que as circunda. O quadrado vermelho vai um pouco de encontro a estas sabedorias e pressupostos, na procura de um novo mundo através da negação do existente. A necessidade da busca da pureza das formas e a consequente libertação, poderá induzir-nos a uma existência de ausência, mas sobretudo de presença. Recorrendo a figuras geométricas simples e a uma gama cromática que se baseia essencialmente no vermelho (cor primária), no preto e no branco, estabelecem-se parâmetros orientadores de novos significados. O Quadrado vermelho é fruto da simplificação a que o excesso nos obriga, é sintomático de um novo processo de aprendizagem cultural e intelectual, “é a manifestação do nada revelado”, mas que é tudo, como se de uma antítese se tratasse. O Quadrado vermelho, contem em si toda uma carga simbólica e emotiva, que a leviandade estática e compulsiva da forma vai assumindo e que a reinterpretação de signos existentes vai permitindo.

O Quadrado Vermelho resume-se mentalmente numa filosofia e desdobra-se abstractamente num conceito de intervenção – MINIMAL CONCEPT INTERVENTION.