BIENAL DE VENEZA 2007
MAISON TROPICALE – ÂNGELA FERREIRA

Sob o tema “Pensar com os sentidos”, Ângela Ferreira é a artista que representa Portugal, na 52ª Exposição Internacional de Arte da Bienal de Veneza, que estará patente ao público de 10 de Junho a 21 de Novembro de 2007.
Pela primeira vez, Portugal tem um espaço reservado exclusivamente para a sua exposição – o edifício Fondaco Marcello – um espaço com uma localização de excelência, na margem do grande canal.


Fondacao Marcello - Local da exposição - Foto: Mário Valente

A obra de Ângela Ferreira, sempre reflectiu questões políticas e sociais, através dos objectos que cria. Objectos esses que se impõem sobretudo, como esculturas/instalações/arquitecturas habitáveis. Excertos de construções de espaços intrigantes, revelam a liberdade individual da artista, que nos faz reflectir, como consequência da ocupação desses mesmos fragmentos habitáveis. O valor da sua obra nasce entre a negação e a realidade, o saber e a procura. A Arquitectura surge-nos como uma peça escultórica habitável, que nos seduz e nos leva a percorrê-la.
A intervenção de Ângela Ferreira em Veneza – O Projecto Maison Tropicale – baseia-se no colonialismo e é um produto histórico/cultural, da relação da arquitectura com os povos colonizados em África, após a 2ª Guerra Mundial. Para além disso, este projecto baseou-se na casa tropical desenhada pelo construtor Francês Jean Prouvê (também naquele período). Prouvê, criou um modelo de casa pré-fabricada, cujo o objectivo principal (fazer com que as grandes massas populacionais tivessem acesso a uma arquitectura e a um design de qualidade) nunca viria ser alcançado, pelo motivo de apenas 3 protótipos terem sido construídos.

“Na (re)encenação que fez dos locais que acolheram as construções de Prouve em África, Ângela Ferreira sublinha os seus vestígios e a ausência das casas, agora evocadas nos objectos esculturais resultantes da arquitectura modular e acumulados num espaço claustrofóbico, em deriva perpétua.” JÜRGEN BOCK (CURADOR)