quarta-feira, março 19, 2008

REVISTA ARCHINEWS Nº 07
JANEIRO/FEVEREIRO/MARÇO


Seguindo o mesmo conceito editorial, a edição da revista Archinews (Arquitectura, Urbanismo, Interiores e Design) de Janeiro/Fevereiro/Março, apresenta-nos a vida e obra de dois ateliês, expondo, assim, os projectos mais representativos de ambos e as principais influências que estão na base dessa mesma produção arquitectónica. A actualidade, desmultiplicada em notícias, agenda, livros e internet, continua a ter um papel relevante e possui um espaço nesta edição com um importante capítulo informativo que apresenta um pouco de tudo aquilo que está, directa ou indirectamente, relacionado com as áreas de “exploração” da revista. Destaco, no capítulo da Internet, a selecção dos melhores blogues Nacionais/Internacionais sobre arquitectura e design.

Perceber a vida e obra de cada um dos autores expostos na revista (entre outros), torna-se relevante para se enquadrar na história e no tempo o significado de uma parte da Arquitectura Contemporânea Portuguesa da segunda metade do séc. XX e início do séc. XXI. Assim, perceber a pessoa por detrás do arquitecto, foi o prazer que tive para redescobrir novos significados nas respectivas obras.

A edição nº 7 da revista Archinews apresenta, por um lado, a notável obra do Arquitecto Troufa Real - Homem livre, Antimoderno, Angolano, Maçon do Grande Oriente Lusitano e Arquitecto do imaginário -, que é marcada por uma poética e linguagem próprias. Com uma vida e obra riquíssimas, trabalhou com Cassiano Branco e frequentou o Café Gelo onde se encontrava com o grupo surrealista, do qual faziam parte Artistas tão distintos como Mário Cesariny, Herberto Hélder, Cruzeiro Seixas, entre outros. Considera-se “um arquitecto arrependido que queria ser marinheiro” e afirma que a clandestinidade será a salvação do país. Estar no ateliê do Professor Troufa Real, que num primeiro piso se desmultiplica num Templo Sagrado (criado a partir de uma imponente escultura/instalação/peça arquitectónica do Arquitecto Amâncio D´Alpoim Guedes que ocupa uma das salas) e num Templo Maçónico que ocupa outra das salas, é estar num ambiente pejado de uma carga simbólica e emotiva, que nos transporta para uma dimensão quase cósmica e sagrada.
A sua arquitectura, pela sua plasticidade e simbolismo, é, nitidamente, provocadora de mentalidades e evidencia toda uma carga mistíca… Como “o conjunto faz o todo”, é notória a colaboração com vários artistas (como o Profesor Escultor Fernando Conduto, os Pintores Leonel Moura, Sá Nogueira, Jorge Martins, entre outros).
“SABEMOS QUE O CRIADOR PRECISA DE LIBERDADE. E QUE É ESSE ESPÍRITO DE LIBERDADE QUE FAZ O ARQUITECTO. O ARQUITECTO É UM CRIADOR. FOI O GRANDE ARQUITECTO DO UNIVERSO QUE CRIOU O MUNDO.
O ARQUITECTO PODE SER PINTOR, PODE SER ESCULTOR, PODE SER TUDO. MAS TEM DE ESTAR E SER PREPARADO PARA UMA EDUCAÇÃO QUE PASSA PELO ESPÍRITO E NÃO APENAS PELAS CIÊNCIAS EXACTAS”.

Por outro lado, o segundo ateliê apresentado na revista é o da dupla formada pelo Arquitecto Jorge Cruz Pinto e pela Arquitecta Cristina Mantas. Na obra deste colectivo, cada intervenção assenta num pressuposto nitído - a ideia de vazio…Existe, igualmente, uma importante relação com as artes plásticas. É nesta troca que a plasticidade da arquitectura se revela, se impõem e prexiste…
“A INTEGRAÇÃO DA PINTURA E DA ES­CULTURA NA ARQUITECTURA E NO DESENHO URBANO CONSTITUI UMA FORMA DE DESENCADEADOR CON­CEPTUAL E DE MECANISMO DE COM­POSIÇÃO E PERCEPÇÃO DO ESPAÇO”.

No capítulo da engenharia, temos o notável testemunho do Engenheiro João Appleton, que aborda a intervenção que fez no Hotel do Governador da Torre de Belém (um dos mais recentes e importantes projectos de Jorge Cruz Pinto e Cristina Mantas).

“Numa reforçada preocupação de inovar e de constituir um canal privilegiado de comunicação e divulgação junto de profissionais e estudantes”, a ARCHINEWS assume-se, claramente, como um objecto editorial que marca a diferença…

REVISTA ARCHINEWS (ARQUITECTURA, URBANISMO, INTERIORES E DESIGN)
DIRECTOR: CARLOS ALHO
DIRECTOR EDITORIAL: JOÃO CARLOS FONSECA
DIRECTOR DE ARTE: MÁRCIO CAMPOS