domingo, maio 25, 2008

JEAN NOUVEL
GALARDOADO COM O PRÉMIO PRITZKER
POR MÁRCIO CAMPOS
REVISTA ARCHINEWS Nº 08 (ABR, MAI, JUN) PÁG. 04 E 05

O arquitecto francês Jean Nouvel foi o grande vencedor do prémio Pritzker 2008, galardão que, pela sua notoriedade internacional e reconhecida história, já é considerado por muitos como o prémio Nobel para esta disciplina. Este prestigiado prémio, atribuído pela Fundação Hyatt, destina-se a distinguir anualmente um arquitecto vivo, cuja obra revele e demonstre um conjunto de qualidades que tenham contribuído, significativamente, para a humanidade e para o ambiente construído das cidades. Nouvel é, assim, o segundo arquitecto francês laureado com esta distinção. O primeiro foi Christian de Portzamparc em 1994. Embora o ano de 2008 marque o 30.º aniversário do Prémio Pritzker, ele é o 32.º a recebê-lo desde que este foi fundado em 1979, visto terem exis-tido dois laureados em 1988, acontecendo o mesmo em 2001. O prémio monetário é de 63.000 euros e será acompanhado por uma medalha de bronze simbólica. A cerimónia oficial de entrega acontecerá em Washington no dia 2 de Junho.

Com 62 anos de idade e com uma actividade profissional desenvolvida durante quase quatro décadas, Jean Nouvel, homem culto e com uma mente inovadora e criativa, tem desenhado emblemáticos projectos (mais de 200) um pouco por todo o mundo, pautando, nas suas expressivas e experimentais intervenções, um rigor e uma sabedoria transversais que se revelam de projecto para projecto. É visível, nas suas obras, uma intenção nítida de projectar para o lugar a cultura desse mesmo local. Esta importante e necessária relação com o território ajuda-o a descodificar os signos da arquitectura e a lutar contra aquilo que designa como uma "arquitectura genérica", defendendo, desta forma e inevitavelmente, uma "arquitectura específica". É através desta vontade e dessa relação mútua e visceral que, atendendo igualmente às circunstâncias programáticas, o seu trabalho revela uma curiosa inovação e suficientes argumentos que avançam contra a globalização e uniformização da arquitectura. Estes pressupostos juntam-se a outros importantes conceitos que se movem no íntimo projectual deste notável arquitecto, os quais são induzidos, naturalmente, pela relação entre luz, sombra, reflexo, transparência, opacidade e profundidade. Segundo Nouvel, o seu interesse sempre se baseou numa arquitectura que reflicta e revele a modernidade da nossa época, em oposição ao repensar as referências históricas. O seu trabalho lida com o que acontece agora – as nossas técnicas e materiais, aquilo do que somos capazes de fazer nos nossos dias. São estas as características que distinguem, essencialmente, a sua obra e marcam, indubitavelmente, o pluralismo da sua arquitectura e foram estas as intenções que fizeram com que, a partir dos anos 70, ele quebrasse os cânones regidos pelo Modernismo e Pós-Modernismo, impondo uma linguagem estilística própria, reconhecida, agora, pelo júri do Prémio Pritzker.
Nouvel começou a garantir o seu reconhecimento internacional com o projecto do Instituto do Mundo Árabe (01), em Paris, em 1987. De momento, tem vários projectos nos Estados Unidos da América, incluíndo o Guthrie Theater (02), em Minneapolis (terminado em 2006), a 75-Story Tower (03) junto ao Museum of Modern Art, em Nova Iorque, entre outros. Na Europa, os seus trabalhos mais representativos são: A Fundação Cartier de Arte Contemporânea (04), Paris, 1994; o Museu Branly (05), Paris, 2006; A Torre Agbar, Barcelona, 2005; a Courthouse, Nantes, 2000; o Centro Cultural e de Conferência (06), Lucerne, 2000; a Opera House (07), Lyon, 1993; a Expo 2002, Suíça e ainda uma sala de concertos que se encontra em construção em Copenhaga. Para além deste conjunto de projectos, tem outros tantos distribuídos por vários países. Relembre-se que em Portugal existe um projecto seu para um complexo habitacional em Alcântara-Mar, cuja colaboração está a cargo do arquitecto João Paciência.