segunda-feira, maio 18, 2009

/// PETER ZUMTHOR - PRÉMIO PRITZKER 2009
É NUM RETIRO NAS MONTANHAS, COM UMA EQUIPA REDUZIDA DE COLABORADORES, QUE PETER ZUMTHOR DESENHA E DESENVOLVE PROJECTOS QUE EVIDENCIAM UMA INTEGRIDADE INTOCÁVEL E UMA IDENTIDADE PARTICULAR, RECUSANDO VERGAR À FÁCIL TENTAÇÃO DE MODAS OU TENDÊNCIAS.
O arquitecto suíco Peter Zumthor, com 65 anos de idade, foi o grande vencedor do Prémio Pritzker 2009, sucedendo ao francês Jean Nouvel, que foi laureado com esta distinção em 2008. Este prestigiado prémio de arquitectura, que já distinguiu a obra de diversos arquitectos notáveis um pouco por todo o mundo, um dos quais o arquitecto portuense Álvaro Siza Vieira no ano de 1992, já é conhecido como o Nobel para esta disciplina. Atribuído pela Fundação Hyatt, destina-se a distinguir anualmente um arquitecto vivo, cuja obra revele e demonstre um conjunto de qualidades que tenham contribuído, significativamente, para a humanidade e para o ambiente construído das cidades. É a partir destes pressupostos que a vasta obra do arquitecto suíço – que em Setembro, a propósito da ExperimentaDesign, passou por Lisboa como conferencista e para uma mostra retrospectiva do seu trabalho –, mereceu, este ano, tal relevância. Com uma carreira profissional de 40 anos, Peter Zumthor é autor de um conjunto de obras que revelam a sua devoção e respeito pela cultura local e pelo sítio. É essa fundamental relação entre a arquitectura e o lugar que faz com que os espaços que cria não sejam simples edifícios, mas, pelo contrário, que transcendam o significado de habitar e elevem o espírito e as capacidades sinestésicas do homem.
Há cerca de 30 anos que o seu ateliê está localizado na remota vila de Haldenstein, nas montanhas suíças, longe da agitação mediática do panorama internacional de arquitectura. É nesse retiro, juntamente com uma equipa reduzida de colaboradores, que ele desenha e desenvolve projectos que se evidenciam pela sua integridade intocável e uma identidade particular, recusando vergar à fácil tentação de modas ou tendências. Para além destas virtudes, a expressividade poética que impregna nos ambientes construídos é uma outra característica que o diferencia.
O júri do prémio destacou três construções fundamentais: as Termas de Vals (1996), na Suíça, a Capela de St. Nikolaus von der Flüe (2007), na Alemanha e o Kolumba Museum (2007) em Colónia. Zumthor "é um arquitecto magistral, admirado pelos seus colegas de todo o mundo pelo seu trabalho centrado, sem compromissos e excepcionalmente determinado", referiu ainda o júri do Pritzker.
Texto por: Márcio Campos; Publicado na Revista Archinews nº 12 de Abril, Maio, Junho de 2009, pp. 04 e 05; Foto: Miro Kuzmanovic